Coluna do Gerson Nogueira – 16.04.17

16 de abril de 2017 at 3:06 am Deixe um comentário

A causa operária

 

Em sua biografia (“Liderança”, editora Intrínseca, 2016), o consagrado técnico e manager Alex Ferguson, 49 títulos no currículo e cérebro por trás do incrível sucesso do Manchester United a partir dos anos 90, fala de um exercício mental infalível para montar seus times: sempre escolhia seis jogadores polivalentes, que cumprissem várias funções em campo. E ele dirigia uma máquina de jogar futebol, que chegou a ter ao mesmo tempo Scholes, Giggs, Rooney, Cristiano Ronaldo e os irmãos Neville.

Mal comparando, a história de Ferguson me fez lembrar, por razões inteiramente opostas, o drama enfrentado por Josué Teixeira no Remo atual. Com vários titulares entregues ao departamento médico, ele se vê sem alternativas para estruturar uma equipe competitiva justo na reta final do Campeonato Paraense e nas quartas de final da Copa Verde.

Já ouvi muita gente descendo a lenha no treinador depois da derrota frente ao Independente na quarta-feira, em Tucuruí. Claro que a crítica é sempre válida, mas determinados aspectos precisam ser considerados.

O elenco do Remo é uma colcha de retalhos. Foi montado pelo critério do bom & barato, embora nem todas as peças sejam qualificadas. Em certos casos, a diretoria optou por trazer jogadores de nível médio apenas para quebrar galho em posições carentes.

Josué teve o mérito de conseguir até aqui extrair leite de pedra, formatando um time competitivo para o Campeonato Paraense. Estruturou o desenho tático com dois volantes essencialmente marcadores no meio (Elizeu e Marquinhos) e dois meias, Eduardo Ramos e Flamel, este quase como um terceiro atacante. Ofensivamente, abriu mão do centroavante de referência para explorar a habilidade de Edgar e a rapidez de Jayme.

O restante da equipe gira em torno desse eixo e todos atuam de forma aguerrida. Muitos jogos da invencibilidade remista foram ganhos na base do suor e da raça. Enquanto o condicionamento físico permitiu, o Remo foi ultrapassando os adversários e desafiando seus próprios limites.

Quando as lesões começaram a desfalcar o time, as limitações ficaram expostas e a causa operária azulina mostrou-se cheia de fragilidades. Cabe notar que Josué era elogiado por todos, mas bastou surgirem os maus resultados para que o técnico passasse a ser açoitado sem clemência.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Padre Antônio Vieira sabia bem o que dizia ao proferir a frase célebre, elegendo o equilíbrio como o preceito mais justo a ser seguido quando se tentar julgar alguém.

Muitos fingem não ver, outros não enxergam mesmo, mas o Remo tem um time não mais do que razoável. Paga hoje o alto preço da intemperança financeira e dos descalabros administrativos dos dez últimos anos.

Perdeu a sede campestre, quase teve o Evandro Almeida vendido em negociata espúria, sofreu assaltos e viu crescerem suas pendências fiscais e trabalhistas. De quebra, há três anos está sem o seu estádio, semidestruído por um de seus vários gestores irresponsáveis.

Contextualizei o cenário para pontuar que o time de Josué é produto da superação. Ganha vida quando está completo e seus operários se entregam à luta sem tréguas. Quando perde peças, fica previsível e comum.

 

 

Bola na Torre

 

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 20h45, na RBATV. Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião compõem a bancada.

 

 

Sem medo, Estrela Solitária avança e convence

 

O Botafogo vai ultrapassando obstáculos e desfazendo preconceitos a cada novo passo na Taça Libertadores. O comportamento tático, quinta-feira, na vitória sobre o Atlético Nacional (o atual campeão) em Medellín, revela maturidade de um grupo comandado com extremo controle por Jair Ventura. A defesa se comportou de maneira inexpugnável e os garotos Emerson Santos e Guilherme fizeram a diferença.

Para quem deu um salto direto da Série B para o torneio mais importante do continente, o Fogão está enchendo todas as medidas. Ainda não é para soltar foguetes, mas já merece aplausos.

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